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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Noite Misteriosa

Era um dia de trabalho normal, como todos os outros, até então. Já tinha mais ou menos uma hora e meia que o relógio havia marcado meia-noite. Estávamos somente eu (ajudante) e o maquinista no trem que acabara de partir de Vitória com destino a Belo Horizonte. Eram 75 vagões cheios de carga e duas máquinas.

Eu estava muito cansado, pois não havia dormido nada durante o dia, e comecei a cochilar na máquina. Devo ter cochilado mais ou menos uma hora e só acordei quando, ouvi um barulho estrondoso e senti um grande impacto. O trem havia parado.

Era aproximadamente duas e meia da manhã quando isso aconteceu. O céu estava escuro e o trem estava longe de qualquer cidade ou vilarejo. De um lado havia um pequeno lago e do outro lado da linha, uma floresta.

Desci do trem com uma lanterna, muito assustado, para tentar descobrir o que tinha acontecido com aquele trem. O maquinista tentava contato com a torre, mas não conseguia nada.

Estava me dirigindo para a parte traseira do trem, quando me assustei ao ouvir um barulho alto, porém era só a porta da máquina se fechando. Voltei para ver o que o maquinista estava fazendo mas, quando abri a porta, ele não estava lá. Pensei que ele também tivesse saído para ver o que tinha acontecido. Logo ouvi outro som, porém parecido com um grito de uma criança possuída.

Fiquei com muito medo e assustado, pois estávamos sozinhos no trem, mas decidi ir verificar o que havia ocorrido com o motorista. Fui andando com minha lanterna até o final dos vagões, quando, de repente, o trem começou a andar novamente. Tentei correr para a máquina, mas estava muito longe e tive que pular em qualquer vagão, senão ficaria para trás.

Sentei dentro do vagão, ofegante, e fiquei ali uns cinco minutos. Foi quando ouvi duas crianças conversando do lado de fora do vagão, com o trem já em alta velocidade! Como era possível? Não sei mas, logo depois disso, vi uma sombra preta passando rápido pela minha frente que, depois, saiu do vagão, subindo cada vez mais. É a última coisa que eu me lembro, porque desmaiei logo em seguida.

Dois dias depois, acordei numa cama de hospital. Tinha ficado muito tempo sem comer e beber água. A carga do trem havia desaparecido e, no lugar dela, milhares de ursinhos de pelúcia sem cabeça apareceram. Depois daquele mistério, nunca mais trabalhei a noite e sempre tenho pesadelos com crianças. Até hoje procuram pelo maquinista...


Matheus Lisboa ,vulgo Bizunga

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